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Notícia

16/07/2020 14:18:15

Finanças das PMEs é o primeiro passo para estruturar as empresas

As empresas brasileiras têm enfrentado um panorama difícil neste ano, que se agravou com o início da quarentena, em março. Portanto, agora, a retomada das atividades econômicas, mesmo que gradualmente, tem caráter de alívio para muitos empreendedores de pequenos negócios, contudo ela traz incertezas e dúvidas.

As empresas brasileiras têm enfrentado um panorama difícil neste ano, que se agravou com o início da quarentena, em março. Portanto, agora, a retomada das atividades econômicas, mesmo que gradualmente, tem caráter de alívio para muitos empreendedores de pequenos negócios, contudo ela traz incertezas e dúvidas. Como fica o futuro da pequena empresa? Como trabalhar com o caixa, muitas vezes negativo, nos próximos meses?

Para responder a esta e a outras perguntas, o Portal Dedução entrevistou Edmilson Ataide, diretor do grupo Atai, que tem por objetivo oferecer soluções contábeis completas e inovadoras para todos os portes e segmentos empresariais.

Segundo ele, o momento atual requer estrutura e planejamento financeiros, instrumentos fundamentais para a gestão empresarial. E, para organizar o setor financeiro da empresa, o dever de casa deve ser feito, ou seja, a organização precisa começar pelo básico. “Em primeiro lugar, aposte em estruturação financeira. É preciso conhecer os números da tesouraria, como contas a pagar, a receber e o fluxo de caixa. Isso pode parecer óbvio, mas nem sempre é praticado pelos empresários”.

Acompanhe:

As empresas brasileiras têm enfrentado um panorama difícil em 2020, em especial após o início da quarentena, no mês de março. A atual retomada das atividades traz incertezas para os empreendedores em geral?

Certamente, 2020 vai ser um ano com grande impacto negativo na atividade econômica e a retomada das atividades que estão sendo flexibilizadas não vai garantir os níveis de negócios anteriores à pandemia. Mesmo para as atividades em que está havendo alguma flexibilização, as medidas de restrição e distanciamento impostas, aliados ao próprio comportamento dos consumidores, traz incertezas aos empresários em geral. No caso dos shopping centers, por exemplo, a reabertura já foi iniciada, mas as vendas estão entre 18% e 25% do volume normal. Não se paga nem o custo fixo.

Como lidar com essas dúvidas?

Creio que o empresário deve aproveitar o momento para:

  1. Repensar seu negócio, entendendo que mesmo com o andamento da flexibilização, teremos um “novo normal”. Diante disso, é preciso entender como se posicionar em relação a isso. Será que mantidas as regras de distanciamento por um período mais longo, bares não precisarão se reinventar, por exemplo?
  2. Cuidar de sua estrutura financeira. Controles e renegociação de custos são imprescindíveis.
  3. Reforçar o Caixa (Cash is the King): entender como se habilitar para os financiamentos que estão sendo disponibilizados, como buscar recuperação de créditos e, logicamente, como garantir faturamento.
  4. Para auxiliá-lo nestas questões, ter uma assessoria contábil, fiscal e de gestão de pessoas parceira.

Como trabalhar com o caixa, muitas vezes negativo, nos próximos meses?

O empresário deve ter controle total das despesas e custos do seu negócio, saber o que precisa ser priorizado. Capital de giro é uma das coisas mais raras na pequena empresa. A falta de controle faz com que o empresário se guie pelo saldo bancário e isso tem sido extremamente danoso neste período. A questão do caixa é o que determinará qual empresa passará este período turbulento ou morrerá no caminho. Portanto, a administração de caixa hoje é item de sobrevivência.

Quem tem planejamento tributário e financeiro pode sair na frente neste momento?

Não há duvidas de que quem tem planejamento tributário e financeiro terá possibilidades muito amplas de passar por este período.

Como organizar o setor financeiro das empresas, principalmente as depequeno porte?

A primeira coisa a fazer é organizar a tesouraria da empresa. Manter controle efetivo de Contas a Pagar, Contas a Receber, efetuar conciliação bancária e ter Fluxo de Caixa, é o mínimo que uma empresa precisa.

Feita esta organização é hora de trabalhar com projeções orçamentárias e começar a enxergar como anda seu negócio. Neste fase, costumo dizer que o empresário para de olhar pelo retrovisor e começa a desenhar seu negócio com base nas projeções futuras.

Concomitantemente, é hora de rever a estrutura de formação de preços. Existe uma enormidade de empresas que praticam seus preços baseados no achismo ou “nas práticas de mercado” sem avaliar se de fato os custos e despesas estão num nível em que haja lucratividade na operação.

Na organização do caixa empresarial, a função do contador é fundamental?

A assessoria contábil tem muito a colaborar em todos os estágios citados até agora. Obviamente, se o empresário contrata um “fazedor” de guias e envelopes de pagamentos, buscando pagar o mínimo possível para isso, estará dando um tiro no pé. Somos um dos povos mais empreendedores do mundo, mas geralmente o empresário inicia seu negócio sem uma base sólida de gestão. O profissional contábil pode e deve atuar neste apoio.

Muitas empresas ainda guiam seus negócios pelo saldo bancário, qual sua opinião sobre isso?

Resumidamente é o caminho para o fim. Vou dar um exemplo real: vi uma metalúrgica com qualidade técnica indiscutível falir. Motivo: os controles financeiros eram basicamente inexistentes e o empresário se guiava pelo saldo bancário.

Ocorre que ele tinha como principal cliente uma multinacional que era responsável por 95% de seu faturamento. Negociou uma rotina de pagamentos 05 dias após a entrega dos produtos (excelente), mas dando descontos muito acima do aceitável além de ter que manter um volume de estoques de pelo menos 03 meses de produção (péssimo).

Em contrapartida, negociou com o fornecedor de sua principal matéria prima prazos de 60, 90 e 120 dias, pagando um spread pelo alongamento do prazo.

Pois bem, para esta empresa, dinheiro em caixa nunca foi problema, visto as condições de recebimento e pagamento. Porém, quando diagnosticamos os preços praticados, imobilização de capital em estoques e estrutura de custos, já apontamos que a empresa estava tecnicamente falida, pois para garantir todas as entregas contratuais e pagar seu fornecedor, o capital de giro da empresa e os bens do empresário eram insuficientes.

Quais são suas dicas para que as empresas não fiquem no vermelho, e se estiverem, consigam reverter essa situação o mais rápido possível?

Controle de custos, estratégia de manutenção de faturamento e busca de alternativas de reforço de caixa creio que sejam as questões principais para se atravessar este período e evitar caixa negativo.

Para as que já estão no vermelho, a situação é muito complicada para reverter. Deve-se buscar forma de viabilizar um reforço de caixa via investimento (nem que seja do próprio empresário com aporte pessoal), caso o negócio seja ainda viável.

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