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Consumidor sem medo é o melhor presente para os empresários
Para Sergio Dinov (foto), presidente da Puket, atualmente é necessário transformar produtos em "objetos de desejo", na tentativa de driblar os temores gerados pela recessão
Como recuperar a confiança do consumidor? Essa é a pergunta que ronda a mente de Sergio Dinov, presidente da Puket, rede varejista de pijamas, meias e acessórios. E a solução prática para essa indagação seria o melhor presente que o executivo poderia ganhar no Dia do Comerciante, comemorado sábado passado (16/07).
“Hoje, vivemos uma desconfiança causada pela incerteza política e econômica do país”, afirma Dinov. “Isso faz com que o consumidor fique acuado e não consuma.”
E o brasileiro tem motivos para ficar temeroso. Em abril, a taxa dedesemprego chegou a 11,2%. O valor médio real recebido pelo trabalhador também teve retração, uma queda de 4,3% em comparação com o mesmo período de 2015.
Nas palavras do executivo, o humor do consumidor pode começar a melhorar a partir de agora, desde que a nova equipe econômica do Governo apresente medidas que permitam a retomada do crescimento.
“Seria o melhor presente para todos os empresários“, diz Dinov, que comanda uma empresa com mais de 160 lojas e 1.500 funcionários.
Na Puket, a estratégia adotada é buscar melhoria e diferenciação nos produtos – e fazer com que o consumidor tenha desejo pelas peças multicoloridas da marca. Parece que está dando certo. Em 2015, as receitas cresceram 9% -- a Puket não revela o valor de faturamento.
A empresa também está se internacionalizando. Há operações na Angola, Colômbia, Bolívia, Panamá, Qatar e Dubai. Nos próximos meses, serão inauguradas lojas na Coreia do Sul e na Arábia Saudita. O foco é não depender apenas do mercado interno.
“Não podemos ficar de braços cruzados esperando as soluções para a crise”, afirma Dinov. “Pois, quando elas vierem, serão para todos, inclusive para os nossos concorrentes.”
UMA CESTA DE PROBLEMAS NO VAREJO DE VESTUÁRIO
E quais têm sido os efeitos da crise no varejo de vestuário? Inúmeras. A queda no volume de vendas tem feito os varejistas recorrem a esforços promocionais para atrair o consumidor.
Ao reduzir os preços, a margem encolhe. Paralelamente, devido à inflação, os custos operacionais, reajustes salariais e de contratos com fornecedores corroem ainda mais o lucro.
Outro problema é a concorrência desleal causada pelo mercado informal. Parte dos profissionais que foram demitidos e não conseguiram recolocação no mercado de trabalho estão migrando, por necessidade, para a informalidade.
“Nos grandes centros urbanos é visível o aumento de camelôs, sacoleiros e vendedores ambulantes”, diz afirma Edmundo Lima, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex).
No início de junho, por exemplo, a Receita Federal apreendeu 210 toneladas de produtos falsificados no bairro do Brás, um dos maiores polos de varejo popular de São Paulo. De acordo com estimativas da Receita, o valor dos produtos chegaria a R$ 70.000 milhões.
O RETORNO DA ESPERANÇA
De acordo com Lima, os empresários do setor estão mais otimistas com o segundo semestre do ano – período em que as vendas aumentam devido à chegada da coleção verão e em função de datas comemorativas, como Dias dos Pais, Dia das Crianças e Natal.
No entanto, o período requer alguns cuidados. Ao lançar uma nova coleção, é importante que as peças não tenham apelo de moda muito marcante.
“O consumidor está comprando menos e com menor frequência”, diz Lima. “Então, ele deseja roupas que sejam duráveis, tanto na qualidade quanto no estilo, para que ele possa usar em diferentes ocasiões, como lazer e trabalho”.
Há também uma recente migração de consumidores para marcas e lojas de categorias inferiores as que estavam acostumados. Por exemplo, clientes de alta renda, que faziam compras fora do país e frequentavam lojas de luxo, estão aos poucos experimentando lojas focadas em atender a classe média.
“O importante é surpreender positivamente esse novo cliente com uma experiência de compra que gere fidelização”, afirma Lima.